Visão afeta aprendizado, mostra pesquisa
O baixo rendimento escolar está ligado à falta de óculos para 51% das
crianças. É o que indica pesquisa feita com 365 alunos matriculados na
primeira e segunda série do ensino fundamental das escolas públicas de
Campinas. O indicativo foi levantado após a doação de óculos em projeto
social realizado no Instituto Penido Burnier.
“É resultado da avaliação dos pais e professores no período de um
ano” afirma o oftalmologista, Leôncio Queiroz Neto, diretor médico do
programa. Para ele a análise reforça a conclusão do programa de
alfabetização solidária apoiado pelo MEC (Ministério da Educação e
Cultura) – a maior causa da evasão escolar são os problemas de visão que
respondem por 22,9% dos casos.
O especialista diz que 8 em cada 10 participantes do programa
realizado no hospital nunca tinham passado por consulta oftalmológica. A
estimativa do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) é de que 30%
das crianças brasileiras precisam usar óculos. Na infância o exame
oftalmológico é essencial porque o olho está em desenvolvimento até a
idade de 7 anos. “Qualquer bloqueio sem tratamento adequado neste
período pode se transformar em deficiência visual grave e até levar à
perda irreparável da visão”, alerta.
Olho preguiçoso causa cegueira
Não por acaso, um levantamento da OMS (Organização Mundial da Saúde)
mostra que 5% das crianças brasileiras são cegas de pelo menos um olho e
60% dos casos de cegueira são evitáveis. O especialista destaca que a
maior causa de cegueira monocular na infância é a ambliopia ou olho
preguiçoso que atinge 4% das crianças brasileiras. Acontece quando o
desenvolvimento de um dos olhos fica comprometido. As causas podem ser:
estrabismo (olhos desalinhados), catarata congênita unilateral e
diferença importante do grau de miopia, hipermetropia ou astigmatismo
entre os olhos.
Diagnóstico precoce simplifica tratamento
Queiroz Neto afirma que o diagnóstico do olho preguiçoso antes dos 5
anos permite que o tratamento seja feito com a oclusão do olho de melhor
visão para forçar o desenvolvimento do outro. Isso porque, a criança
só usa o olho bom e o outro fica cada vez mais fraco.
Ele diz que a oclusão pode funcionar como suporte à cirurgia para
alinhar os olhos nos casos mais avançados de estrabismo que não
respondem bem à terapia de exercícios e óculos. Também é fundamental
para restaurar a visão após o implante de lente intraocular para
corrigir a catarata unilateral.
Estrabismo pode passar despercebido
Nem todo estrabismo, destaca, pode ser percebido pelos pais. Há casos
em que a doença é latente e só pode ser notada nos testes de motilidade
ocular feitos no consultório. Dores de cabeça e torcicolo freqüentes
podem indicar necessidade de consultar um oftalmologista para
diagnosticar desvio latente do olho.
Sinais de problemas de visão
Queiroz Neto afirma que os problemas oculares mais comuns na infância
são os vícios de refração – miopia, hipermetropia e astigmatismo. Ele
explica que na miopia a visão de longe é ruim porque as imagens são
projetadas na frente da retina pelo sistema de foco do olho – córnea e
cristalino. No astigmatismo, irregularidades no formato da córnea fazem
com que as imagens sejam projetadas em mais de um plano e a visão fica
distorcida. Já na hipermetropia as imagens são projetadas atrás da
retina e a visão de perto fica fora de foco. Em geral os vícios de
refração surgem a partir da idade de 3 anos, mas podem aparecer antes,
principalmente quando os pais usam óculos. Como a criança não tem noção
de como enxerga o mundo, pais e professores devem estar atentos aos
sinais de problemas de visão. Os principais elencados pelo médico são:
Até 2 anos | De 3 a 7 anos |
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Excesso de computador nas férias aumenta risco de miopia
Na volta às aulas, muitas crianças podem ter dificuldade de enxergar a
lousa. Um estudo feito por Queiroz Neto mostra que passar muitas horas
usando computador e videogame quase dobra o risco de contrair miopia
(dificuldade de enxergar à distância). O médico explica que isso
acontece porque quando o olho está em desenvolvimento o excesso de
esforço para enxergar de perto pode enfraquecer a acomodação e causar
miopia. O problema pode ser transitório ou permanente, dependendo do
esforço visual e de fatores genéticos.
Os sinais de necessidade de consulta médica são dor de cabeça no
final das aulas, sentar sempre nas primeiras carteiras ou aproximar
muito os livros dos olhos.
Avaliação pela internet
Pais e professores que quiserem assegurar o melhor rendimento escolar
das crianças podem fazer a avaliação visual através de testes
auto-explicativos disponíveis no site do médico. Ele diz que a avaliação pela internet não substitui a consulta médica. Apenas sinaliza como a criança enxerga.
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